Engenheiros criam a liga de metal mais resistente ao desgaste do mundo
Uma liga de metal mais resistente, com uma vida útil até 100 vezes maior que a do aço, foi desenvolvida a partir de platina-ouro pela equipe de ciência da Sandia National Laboratories. Essa combinação foi feita por metais da mesma classe do diamante e da safira, materiais nobres e muito mais resistentes à ações do tempo e da natureza.
Imagine um carro que pode derrapar ao redor da linha do Equador sem que sua banda de rodagem seja desgastada? Isso é possível com essa nova liga de metal.
“Mostramos que há uma mudança fundamental que você pode fazer em algumas ligas que proporcionará este tremendo aumento no desempenho em uma ampla gama de metais reais e práticos”, disse o cientista de materiais da Sandia Nic Argibay.
Não é surpresa para ninguém que os metais de forma geral possuem uma resistência elevada, contudo, quando sofrem atrito com outras ligas eles acabam perdendo aderência e se desgastam. Isso quando não corroem.
Exemplo disso é o que acontece com os motores automotivos e de máquinas industriais, em que as ligas com o passar do tempo se desgastam, deformam e corroem (exceto quando há uma barreira protetora de outro material).
A liga de metal tem um papel fundamental quando o assunto é resistência. Afinal, trata-se da combinação de dois ou mais elementos para criar um novo composto com características mais resistentes – seja ao desgaste, corrosão, temperatura, etc.
A liga de metal em ouro puro, criada pela Sandia, é uma maneira de evitar o desgaste por meio de um processo químico. Hipoteticamente falando, trata-se da perda de uma única camada de átomos após uma milha de derrapagem dos pneus.
Como a nova liga de metal pode impactar a indústria?
Mas afinal, qual o retorno esperado por essa nova liga de metal para a indústria?
Esse revestimento ultra durável pode representar um salto significativo na economia e também para a ciência. Há uma previsão de U$ 100 milhões que anualmente podem ser contidos na indústria de eletrônicos.
Além disso, essa liga de metal oferece a possibilidade de criar equipamentos para os mais diversos segmentos industriais de maneira segura, durável e econômica.
“Esses materiais resistentes ao desgaste podem fornecer benefícios de confiabilidade para uma variedade de dispositivos que exploramos”, disse Chris Nordquist, engenheiro da Sandia.
A criação de uma liga de metal composta por 90% de platina com 10% de ouro não é algo novo, no entanto.
O que mudou foi o processo de fabricação e a evolução da engenharia para conseguir os resultados e a resistência dessa nova liga de metal.
Para chegar ao resultado, a Sandia questionou o antigo paradigma de que a capacidade de um metal estava relacionada com a sua dureza. A nova proposta feita pelos engenheiros, era de que a sua vida útil fosse de encontro com a forma como a liga reagia ao calor, e dessa maneira, seguiram na escolha de metais, proporções até o processo de fabricação que comprovasse a tese.
“Muitas ligas tradicionais foram desenvolvidas para aumentar a resistência de um material, mesmo assim, na presença de tensões e temperaturas extremas, as ligas ficaram mais grossas ou amoleceram, especialmente sob fadiga. Na nossa liga de platina-ouro a estabilidade mecânica e térmica é excelente, e não vimos muitas mudanças na microestrutura durante períodos imensamente longos de estresse cíclico durante o deslizamento”, afirma John Curry, um pós-doutorado que participou ativamente do estudo da Sandia.
Após os testes, os engenheiros chegaram a um resultado gratificante: o de uma liga de metal com aparência de uma platina comum um pouco mais pesada do que ouro puro, mas, muito mais eficaz e durável em temperaturas elevadas e até 100 vezes mais resistente ao desgaste.